sexta-feira, outubro 05, 2007

O Paraíso

Conheci a menina do cabelo fiado a ouro e olhos de cor de ameixa. Corria desajeitada e deixava no rasto o azul do vestido. Mergulhava na relva e enrolava-se nos amarelos das flores enquanto eu a perseguia com o olhar. Sem saber porquê, deixei que o corpo seguisse os olhos e fui atrás dela, enquanto me atirava sorrisos e olhares por cima do ombro e me levava preso no caminho. Cheirava a erva doce e dobrava o riso. E eu… eu fui seguindo – atraído pelas formas e pelo jeito. Já só queria ser dela e que ela fosse minha. E queria encher a barriga de beijos e suspirar de contente. Queria que ela não fugisse. Só queria as primaveras e o som das folhas a crescer. Queria um abraço - AQUELE abraço”!
Mas veio o Outono e o sol mudou de canto. O vento batia e a luz cinzenta caia do céu. Espreitava agora o cheiro a terra molhada e o rodopio das folhas no chão davam música ao espaço. A menina fugira. Teria encontrado outro jardim? Seria agora o dia noutro jardim? Já não é ameno aqui, e o frio que me cai nos ossos faz-me companhia. Estou abraçado ao banco do jardim que agora é a memória de outras vidas. Sou sozinho sempre que a espero e espero-a para que me faça companhia. Quero as juras eternas e as promessas constantes; os puxões desmedidos e os olhares penetrantes. Quero ser dela e que ela seja minha.

3 comentários:

Anónimo disse...

muito bem, parabéns. simpático o poema-em-prosa.

Mixikó disse...

Lindo...ternurento...

"Espreitava agora o cheiro a terra molhada e o rodopio das folhas no chão davam música ao espaço"

Anónimo disse...

Boas festas puto...

Quero mais...da tua escrita...
Beijo