segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Há quem tente sempre qualquer coisa…

(um momento pouco sensível…)

Esta semana, e porque tenho estado mais atento à estética citadina, apercebi-me da falta de cuidado na harmonização ambiental.
Como somos vítimas da moda e queremos estar sempre nesta, às vezes, descuidamo-nos com o bom gosto.
Ontem decidimos ir beber um chá. No caminho, reparo em três pessoas que caminham à minha frente. Duas delas com gorros e agasalhadas para o frio e a terceira de mini-saia e “chanata”. Desenquadrado? Fomos a um espaço que tinha, ou pelo menos tentava ter, um conceito “chill out”. Analisando o significado da expressão chegamos à conclusão que se trata de um sitio onde se pode “relaxar”. Ora, aquando da minha entrada, espreita para o topo da minha cabeça cerca de, se não me falham os cálculos, 70 pessoas (que na altura pareciam 3000) num espaço que tinha 30 m2. Nada mau para “relaxar”. Procurámos pelo meio do que parecia uma multidão, um espaço mais “reservado”.

- Olha, há ali uns “Puffs”…
- Sim, bora!
- Consegues passar?
- Espera, dei….. xa-…….me…..só….. Já cá tou! Bem, parece a baixa de Pequim em hora de ponta.
- Chega-te mais para aqui. Ficas melhor.
- Tou só a tentar tirar daqui esta almofada. É que o espaço é tão “chill out” que eu tenho medo de adormecer.


Ao meu lado, uma moça com cerca de 1.70m expõe, na “montra” que se precipita bem por cima das suas calças de cintura descaída, um excesso de carne que, a julgar pela quantidade da oferta, ponho em duvida a qualidade. Ao nosso lado, um casal acabadinho de entrar, “abanca-se” e um minuto depois a rapariga decide tirar o casaquinho. Casaquinho este que tapava a falta de cuidado no escolha da combinação perfeita – um “top” sem costas acompanhado por um “soutien”, preto - para não destoar, bastante proeminente.

- O QUÊ???
- NAOoo…… Para…………..O CHÁ?
- O QUÊ?? NÃO TE OUÇO !!!

A musica estava tão alta que me rachava os tímpanos. Agradável, o espaço “chill out”. E bastante “chill out”…


- PODE, SE FAZ FAVOR, BAIXAR A MÚSICA QUE ESTÁ A TENTAR SER O PÂNICO DOS MEUS OUVIDOS ?
- JÁ VÁRIAS PESSOAS PEDIRAM MAS O PATRÃO…

A decoração – os laranjas e as circunferências coloridas espalham por toda a parte um cansaço visual inacreditável. “Puffs” do tamanho de um banco de cozinha, lado a lado com uns cadeirões GIGANTES suspensos pelo topo. Cadeiras de plástico de um transparente tonal, agrupadas com mesas pouco limpas. Vidros que espelham a própria sujidade e luzes que salpicam cores ao ritmo da ensurdecedora música. E, como não podia faltar, a publicidade é feita com o logótipo luminoso, projectado para os prédios em frente, que se entediam com tanta falta de gosto.
Resumindo: à tamanha falta de gosto do espaço envolvente, restou-me a enormíssima boa companhia e o saboroso chá de vitaminas que, a testemunho do empregado, “sai muito bem”.

Eu sei o que estão a pensar – “Podia ser pior!”. Pois podia! Mas também podia ser melhor!
Onde fica!? Não digo! Pode ser que um dia lá “caiam”.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

“A”TENTADO AO AMOR

É por isso que te chamo paz. És de sensatez. Saltas à corda com a tua ingenuidade, baloiças-te nas gargalhadas espontâneas e corres atrás de um beijo. Cheiras a pele salgada de um dia de praia. Mimas com a paixão de fantasias cobertas de timidez. Aprecio-te de perto e vejo todas as vidas que tens nas vidas dos outros. Que delicia! És de fruta fresca em pequenos-almoços com olhos mal dormidos. Descansas a cabeça no meu peito e pesas as mãos cruzadas no meu pescoço em sinal de abraço. Esta é a tua música – a que soa baixinho, murmurada em arrepios. És uma corrida largada de braços abertos e tropeções de risos. Passeias-te com o encantamento de quem descobre. E sonhas. E hoje és saudade porque a recordação de ontem é o dia amanhã, e é na tua voz que assento o sono. Esta é a tua música.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Um “flash” de lucidez!

Tenho pena que já não te lembres de mim. Na verdade, tenho mais pena por já não me lembrar de ti. E quando me lembro é porque me lembro de já te ter esquecido. E tento não me esquecer, juro! Mas…! Gostava de te guardar nas melhores memórias e não ter de me preocupar com o que tempo lhes faz. Afinal, já não me lembro do teu cheiro, porque me esqueci, e porque as manhãs já não são tuas. Afinal, já não me recordo do teu riso por tanto te ver chorar, ou por querer acreditar que choraste tanto quanto eu. E olhei para ti tantas vezes… Mas não te esqueci mais do que te lembrei, porque a verdade é que te escrevo. Já não nos pertencemos e por isso devolvo-te todos os momentos em que me lembro de nós, talvez para que te lembres e me procures e faças novamente com que não te esqueça.
A verdade é que tento não te lembrar cada vez que não te esqueço.