segunda-feira, agosto 21, 2006

Foi quem?

Quem é que um dia te disse que havias de mudar? Quem corrigiu o diário que afogavas de sal e dedos? Tiveste tantas vidas…e foste tão grande que não te cabias em mim. Quem te disse que podias deitar-te em preguiças e esperar, outra vez, nascer?
Sei mais de ti que eles de nós! Até porque pisei as pedras e afinei os atonais cantos que vergonhosamente prometias fazer. E quem te apertou as mãos? E quem te cobriu de desastrosos sinais de afecto?
Não, não são apenas os brandos e escondidos desgostos de amores passados que te fazem memórias. São as vísceras da paixão, prenúncios de benquerença que te marcam o sono.
A quem disseste que amas? Quem é que te amou?

sábado, agosto 19, 2006

E tudo porque hoje choveu!

Não é um dia especial, nem sequer tem especialidade de ser só mais um dia. Na verdade só é diferente porque é pintado de cinzentos que se debatem numa corrida louca para cada um ocupar o lugar do outro por cima da minha cabeça. E até me pesa. Nem foi manhã nem foi tarde nem foi noite. Foi cinza e cinzento e cinzado.
E fecha-se a porta com um jogo de palavras cruzadas cheias de falsas partidas. Mas essa é a cor que me faltava – conversar sem te dizer; perceber sem ouvir; partilhar! Agora o dia, que não é especial, pode ter noite e desafiar-me. Agora posso caminhar de costas e desequilibrar-me por cima do “não está certo” porque é assim a descarada declaração de um amor!